Na manhã desta terça-feira, 3, a cidade de Fortaleza foi surpreendida com a deflagração da Operação Cartão Vermelho, da Polícia Federal. Denúncias de pacientes que estiveram internados no Hospital de Campanha, no Estádio Presidente Vargas, apontavam a falta de equipamentos para o tratamento contra o novo coronavírus. A Polícia Federal abriu inquérito para apurar os gastos desde a construção do hospital até o contratação com a Organização Social que faria a gestão do hospital.

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Quase 96 milhões de reais para gerenciar o hospital de campanha no PV?

Segundo a Polícia Federal, a prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria Municipal da Saúde, cometeu crimes de peculato, lavagem de dinheiro, malversação, desvio de recursos públicos federais, ordenação de despesa não autorizada, organização criminosa e fraude em procedimento de dispensa de licitação. Foi informado, ainda, pelo delegado da Polícia Federal, Alan Robson Alexandrino, que desde junho a PF vem investigando o caso, contando com 27 mandados de busca e apreensão, além de bloqueio R$ 7 milhões em contas das pessoas jurídicas investigadas, apreensão de computadores e celulares.

Também é alvo da operação a contratação de uma Organização Social no valor de R$ 95 milhões, dos quais R$ 50 milhões foram gastos.

Segundo a Polícia Federal, o que chamou a atenção de crime de malversação de recursos públicos foi a dispensa de licitação para a gestão do hospital, dos quais duas empresas estavam na disputa. Uma delas de São Paulo. A primeira, desistiu de concorrer e a segunda não tinha aptidão para exercer a função. A Polícia Federal investiga também a contratação de empresa de fachada para o fornecimento de equipamentos, como de respiradores e a aquisição de oxímetros, monitores paramédicos além da quantidade de leitos do hospital e o impacto dessas ações nos pacientes atendidos. “Cito aí detalhe, por exemplo, na aquisição de oxímetros. A investigação aponta indícios de que os oxímetros de pulso utilizados no hospital de campanha do PV foram comprados numa empresa de fachada. Empresa que não tinha capacidade de fornecimento desses bens, em aquisição milionária”, afirmou.

Segundo o delegado, a denúncia é sobre a escolha de uma empresa que não tinha capacidade de atender financeiramente ao contrato estabelecido com a prefeitura de Fortaleza. A Polícia Federal destacou que a empresa em questão seria de fachada, com endereço em uma casa que não aparentava ter qualquer capacidade técnica para o fornecimento de equipamentos. “Os investigadores estiveram na empresa e afirmaram que a empresa nem vendia o produto adquirido mediante licitação. E há também sobrepreço, comparando as mesmas compras dos mesmos produtos. Eu cito aí, por exemplo, monitor paramétrico adquirido durante a gestão do hospital de campanha em preço maior do que outros adquiridos em condições semelhantes durante a pandemia”, explicou.

O delegado disse também que houve a compra de produtos acima da quantidade que os leitos da unidade comportavam. “Há também compra de produtos além do que os leitos no hospital de campanha comportavam. Então, a escolha do modo de gestão do hospital de campanha, a escolha das compras, o superfaturamento de valores demonstra essa malversação que refletia em problemas nos pacientes”.

O diretor de operações Especiais da CGU, Israel José Reis de Carvalho, também ressalta a quantidade de equipamentos adquiridos para o hospital de campanha, onde segundo o diretor da CGU, houve a compra desnecessária e além do preço real. “Então, isso foi o foco. O montante dos recursos envolvidos. Sobre os equipamentos, foram realmente verificados na aquisição desses equipamentos. Foi verificado um sobrepreço. Por exemplo, o hospital tem 204 leitos. Foram adquiridos trezentos equipamentos, monitores. E esses monitores foram adquiridos a valores superiores a esses mesmos equipamentos em outras pesquisas que foram levantadas”.

A Operação acontece simultaneamente em Pelotas, no Rio Grande do Sul, São Paulo e Fortaleza.

SARGENTO REGINAURO SE MANIFESTA

Enquanto a Polícia Federal mantém andamento de duas operações simultâneas em Fortaleza (Dispneia e Cartão Vermelho), o vereador do PROS, Sargento Reginauro, destacou em suas redes sociais sobre as denúncias que fez desde maio deste ano, quando Fortaleza enfrentava o colapso da saúde no enfrentamento ao coronavírus.

“Uma hora a verdade virá à tona.  São 17 milhões sumidos até esse momento dos respiradores, mais 7 milhões apontados agora pela PF, fora o superfaturamento de álcool em gel, de testes rápidos e cestas básicas. Tudo sob as bençãos do Estado de emergência e a velha dispensa de licitação. Difícil que esses valores retornem aos cofres públicos, mas o pior é pensar nas vidas que não voltarão. Não é possível que esse povo não vá pagar por tantos crimes. Denunciei desde o primeiro momento e ainda teve gente achando que eu estava querendo fazer polêmica em cima da tragédia. Pois tá aí a resposta. Continuarei dizendo: o que mais matou nessa pandemia não foi o vírus, mas a corrupção, o descaso, o abandono dos chefes de executivo”.

CONFIRA A LINHA DO TEMPO DAS DENÚNCIAS:

 

 

Fontes: G1/CE, O Povo, CETV1

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