Através da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e do Instituto Dr. José Frota (IJF), a Prefeitura de Fortaleza fechou contratos milionários sobre a aquisição de respiradores com uma empresa paulista e pagou R$ 16,9 milhões adiantado, sem garantia. Porém, os dois contratos foram cancelados e a Prefeitura garantiu que os valores seriam reembolsados sem prejuízo. No entanto, antes de a Justiça ordenar o bloqueio das contas, destacou que em simples verificação do CNPJ da empresa no cadastro da Receita Federal, percebia-se a falta de vínculo com a comercialização de ventiladores pulmonares (respiradores). Além disso, a razão social da empresa era em média de R$174 mil e só tinha dois funcionários.

Em seguida, a Justiça ordenou o bloqueio dos bens da empresa, porém o único patrimônio de uma das sócias são uma moto SUNDOWN/FUTURE125, placa DPQ0996, e um carro FORD/ESCORT 1.0HOBBY, placa CGX4215. Das contas foram bloqueados R$ 34,69. Logo, constatou-se que não existe saldo positivo nas contas bancárias e para rastrear o dinheiro depositado pelo município de Fortaleza é necessária quebra de sigilo bancário. O pedido de quebra de sigilo foi solicitado pela Prefeitura, que “pagou antecipado sem garantia, não recebeu os respiradores e nem o reembolso. Quantas vidas foram perdidas nessa manobra?”, questionou o vereador de Fortaleza, Sargento Reginauro (Pros).

“A preocupação de quem é salvar vidas? ‘Como eu, enquanto Prefeito de Fortaleza, estou preocupado em salvar vidas quando eu gasto milhões na compra de respiradores que nunca vão chegar? E não chegarão devido a minha irresponsabilidade’. Era assim que a Prefeitura deveria estar pensando agora. Quantas vidas teriam sido salvas se a Prefeitura tivesse comprado respiradores de uma empresa séria e que tivesse feito a entrega no prazo?”, enfatizou Sargento Reginauro. O vereador também salientou sobre o valor da compra e o pagamento antecipado sem nenhuma garantia. “Será que a Prefeitura, mesmo com todo aparato técnico consegue ser tão ingênua? Seria ingenuidade ou irresponsabilidade?”, questiona.

Reginauro Sousa também refletiu sobre o alerta feito pela Controladoria Regional da União no Ceará (CGU-CE) a Prefeitura, que mostrou as condições precárias no qual encontra-se a empresa e a impossibilidade notória de confiabilidade. A Controladoria comunicou os elevados riscos relacionados à contratação da empresa BUYERBR, descrevendo os inúmeros problemas da empresa. “Mas a gestão não quis ouvir, assim como faz com nossas propostas, e agora estamos sem dinheiro e sem respirador”, lamenta o vereador. Segundo o Sargento do Corpo de Bombeiros, a Prefeitura ainda não abriu nenhuma denúncia criminal sobre o roubo ou possível golpe. “E quem fez a negociação já foi afastado? Porque o prejuízo ficou para o povo de Fortaleza”, finalizou.

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