Não quero causar polêmica, o que é quase impossível nos dias de hoje quando se tenta falar sobre essa pandemia, tudo é polarização, tudo é politização. Mas enfim, são minhas reflexões.

A doença chegou devagarinho lá pela zona rica da cidade, chegou pegando autoridades e foi mostrando sua força. Logo veio o primeiro decreto e a cidade praticamente parou. Os primeiros dias foram realmente de uma obediência notória, avenidas sem trânsito, ruas sem movimento: a cidade parou. Mas ainda não havia consenso sobre uso das máscaras, vi especialistas falarem em programas de TV que a máscara era pra quem tinha algum sintoma. Como a população ia entender isso?

Mas, mesmo nesses primeiros dias, tínhamos terminais de ônibus lotados, pois muita gente continuava indo trabalhar. E quem vocês acham que servem o povo do Meireles, primeiro epicentro da doença em Fortaleza? Vocês acham que as empregadas domésticas, cozinheiras, motoristas, zeladores de condomínios, jardineiros, foram todos liberados por todo esse tempo? O vírus foi sendo levado para a periferia de ônibus mesmo, fazendo “integração “. Imagine a cada viagem com mais de sessenta pessoas dentro de um ônibus e um único infectado entra, quantos ele contaminaria até o fim da viagem?

Agora ela já tomou a cidade. Está em todos os bairros. E nossas regras ficaram mais rígidas. O tal lockdown foi estabelecido para frearmos o avanço da doença. Mas me questiono, nesse momento, que temos milhares de pessoas infectadas pela cidade, será que realmente funcionará? Minha família estava sem nenhum caso, até pouco mais de dez dias. Mas minha mãe se internou para uma cirurgia, e no acompanhamento dela, primeiro pegou uma, depois outra, e já temos em torno de cinco casos suspeitos na família incluindo o meu. Ou seja, peguei em casa.

Enquanto estava na zona nobre, as pessoas podem se isolar cada uma em seu quarto, como vi amigos fazerem. Mas na periferia, o doente estará em contato direto com pelo menos mais cinco, seis, dez ou mais pessoas dentro da mesma casa. Será que esse lockdown não era pra ter sido lá naquele primeiro momento? Para a doença não se espalhar?

Espero que eles estejam certos é isso dê algum resultado efetivo. Já que na verdade o que poderia ter diminuído a gravidade do problema, um sistema de saúde mais eficiente, é algo que talvez depois dessa pandemia o Brasil vai olhar com outros olhos. A ferida estava aberta desde sempre. A questão foi uma mosca infectada que agora pousou bem em cima.

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