O ano era 1995, 25 anos atrás. Entrávamos pelo pátio da Escola de Formação de Bombeiros, lá no Conjunto José Walter. Para quem nunca antes tivera experimentado um treinamento militar, é algo surreal. A recepção não é das mais cordiais, gritos e muita ralação foram a tônica naquele dia, nessa instituição que tanto amamos.
Foi um curso muito mais longo do que temos hoje e como se não bastasse, o governo ainda nos deixou por quase seis meses sem salário algum. Foi aí que surgiu o ímpeto crítico e forte dessa turma, fizemos a primeira manifestação de protesto de uma turma de recrutas na história de nossas escolas militares. Foi um escândalo, mas sobrevivemos e conseguimos a atenção do Estado.
Um pouco mais de 200 homens, alguns nos deixaram nos primeiros dias, alguns tombaram em acidentes, no serviço e fora dele, mas por nossas mãos muitas vidas foram salvas. Impossível sabermos quantas, não lembraremos sequer dos rostos ou nomes, mas sem dúvidas essas pessoas agradeceram a Deus pelos anjos que Ele enviou para socorrê-las.
Hoje, mesmo fora do combate direto, mas ainda lutando como bombeiro, pela vida dos meus irmãos de farda, pelos seus direitos e melhores condições de trabalho, bem como pelo povo de nossa cidade, com meu coração apertado e cheio de emoções mil, por cada situação vivida ao longo desses anos, agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade de ser um bombeiro, melhor profissão não poderia ter me dado.
Agradeço também e peço por todos os meus irmãos e irmãs de farda. “Nem um passo daremos atrás ” “Missão dupla o dever nos aponta, vida alheia e riquezas salvar”.
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