Moradia é um direito de todos e realidade de poucos. Em Fortaleza mais de um milhão de pessoas vive em assentamentos precários, em situação de grande vulnerabilidade social. Para estas, a casa própria é um sonho, que parecia estar próximo da concretização para mais de duas mil famílias, mas elas foram enganadas, vítimas de estelionato.

A proposta tentadora, vinda de uma associação, que supostamente seria parceira da Habitafor e do Minha Casa Minha Vida, era golpe. As pessoas acreditaram na promessa e foram prejudicadas financeira e moralmente. Grande parte deste grupo reside na periferia da capital e muitos já estão inscritos na Habitafor há mais de cinco anos. É nessa Fortaleza que imóveis precisam ser melhorados, urbanizados e legalizados. Por isso, aqui a violência vence e as pessoas não têm condições mínimas de vida.

São necessárias 74.607 novas unidades habitacionais, sendo que o município não executa nem a metade do orçamento previsto para habitação. Foi assim em 2015, onde apenas 22,3% foi executado, enquanto no ano seguinte, 2016, ano eleitoral, esse número duplicou e marcou 53,1%. Entendemos que no ano eleitoral esse fenômeno tende a acontecer, tanto que de 2015 para 2016 o valor empenhado cresceu, respectivamente, de 0,1% para 192,1% gastos com habitação. O curioso é que no ano seguinte (2017), esse número despencou e registrou o menor crescimento durante quatro anos de gestão: – 61,3%. Os dados são da própria Prefeitura, através do Balanço Geral e Fortaleza 2040.

Investimento em habitação precisa ser um projeto de Estado com políticas públicas permanentes e não eleitoreiras como parece estar acontecendo. O direito à moradia é constitucional, portanto, cabe ao poder público priorizar e oferecer dignidade. Por isso que as famílias caíram no golpe, porque querem mudar de vida. Elas confiaram, assim como o povo de Fortaleza confiou nas promessas que não saíram do papel. Portanto, execução e investimento, precisam acontecer anualmente. É preciso dar prioridade a essa Fortaleza que ninguém quer ver. A Fortaleza que sofre a míngua, que a propaganda não mostra.

Sargento Reginauro

Vereador de Fortaleza

*Artigo publicado no Jornal O Povo

 

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