Há limites para a arte? 

Há limites para tudo. Há uma linha que jamais deveria ser ultrapassada, a do respeito pelo pensamento do outro, pelas opções do outro, pelas crenças do outro, sejam quais forem. 

E foi exatamente ele, que deixou como uma das sua mais belas lições, “não faça ao outro o que não queres que ele te faça”.

Se essa única máxima fosse seguida, imagine o paraíso que viveríamos. Sem racismo, xenofobia, homofobia, teofobia e todas as formas de preconceito ou discriminação simplesmente não existiriam. 

Certamente uma parcela grande dessas pessoas que fazem manifestações artísticas ou que aplaudem, repudiariam com toda a veemência uma performance onde o Lula ou a Marielle fossem arrastados pela avenida e pisoteado por um policial. Se fosse a caricatura do Bolsonaro então, hoje estaríamos presenciando a maior onda de repúdio em massa contra o facismo, a ditadura, enfim. 

É sim agressivo, desrespeitoso, desnecessário, colocar a imagem de Jesus sendo arrastado pelo santanás num desfile de carnaval. Eu nem sou católico ou protestante, e como espírita nem acreditamos que exista essa figura. Falo por todas as pessoas que se sentiram ofendidas em sua crença. 

Como sei que o contrário não seria recebido simplesmente como manifestação artística, em meio a essa doença que tomou conta do nosso país, de dois extremos que se acham os donos da verdade e nada mais sabem fazer que espalhar o ódio, a discriminação e preconceito, sem produzirem quase nada em nome da transformação desse país, sinto-me a vontade para expressar meu repúdio.

E mais uma vez ele apenas volta-se para Deus, do alto de sua superioridade moral e repete:

Perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem.

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