Diante de tantas mortes, diante de tanta dor, tanta revolta, o que uma nota de pesar é capaz de fazer? Mesmo diante de tamanha tristeza, uma sequência de perdas, medo, aflição, o que sirenes podem resolver? Famílias choram, companheiros se emocionam e a sociedade perde. Perde um servidor capaz de dar a vida pelo outro. Um homem que larga tudo pelo desejo de servir e proteger. Um pai, um filho, um marido, um irmão, é isso que eles são, porque eles são reais. Ele é o amor de alguém, o amigo de alguém!
Quantos desses precisaremos perder ainda para que algo seja feito? Em menos de 24h perdemos dois guerreiros de forma violenta e brutal. Em menos de seis meses já demos adeus para 58 policiais militares: vítimas da violência que tanto queriam proteger, vítimas da Covid-19 que tanto alertaram a população, vítimas de um Estado omisso. Estado que fecha os olhos para o derramamento de sangue, mas que enxerga e constrange aqueles que ousem dar suas opiniões e os penaliza quando tais opiniões são contrárias. Estado que prometeu cuidar e zelar pela vida de cada um desses profissionais, porém, os abandona diante de um vírus letal e não se dá ao trabalho nem de lamentar as mortes violentas.
Dói, dói muito ver o choro de uma esposa, que diariamente sofre sem saber se o seu esposo retorna. Dói ver a dor daquelas que esperaram, mas eles não voltaram. Dói demais ver filhos órfãos que não entendem sobre a partida de seus pais. Dói ver uma tropa tomada pelo medo e pela insegurança. Dói ver o silêncio diante de um número tão alarmante. Dói ver a injustiça, a destruição de lares, a falta de controle do Estado e o protagonismo da violência. Dói saber que esses 58 policiais militares que se foram, levaram consigo um pedaço de nós. Dói saber que eles levaram muita coragem e abnegação. Dói.
E o que vai ser feito? E até hoje, o que já foi feito? O que vai mudar? Quando esses profissionais serão valorizados e reconhecidos? Quando o silêncio e a indiferença deixaram de imperar? Quando isso tudo vai mudar? Quando textos como esse não precisam ser escritos para pedir aquilo que é óbvio? Será que é pedir muito? Nós só queremos dignidade, queremos respeito. Queremos que algo seja feito. Queremos ser ouvidos. Não queremos que outros morram e se tornem apenas estatísticas, porque sabemos que são muito além disso.
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